Superfícies de água espelhadas, reflexos, horizontes cobertos de neve, jogos de luz e sombras, naturezas mortas, retratos… tudo isso encarna a ternura com que o artista Selma Todorova transforma o mundo ao seu redor no lençol branco. “Com Ternura” também intitulou sua nova exposição, que organizou na galeria “Absinthe” da capital, de 7 a 21 de novembro.
Por ocasião do seu 55º aniversário, a autora apresentou obras, a maior parte delas realizadas no ano passado, mas há também aquelas que participam em diversas exposições e bienais internacionais: Trienal Mundial de Aquarela – Seul, Coreia 2015; Exposição internacional “Urbino in Aquarello” – Itália 2017; pinturas premiadas na Bienal Internacional de Aquarela – Hua Hin, Tailândia 2016 e no concurso SBH de especialização em Cité des Arts – Paris 2018. No âmbito da exposição foi organizada uma master class sobre “Retrato com aguarelas”. Seus melhores trabalhos foram premiados. Este é um bom exemplo de continuidade e de vontade de partilhar e trocar experiências, que merece admiração.
Para sua exposição Selma seleciona apenas aquarelas de diferentes gêneros – paisagens, naturezas mortas, retratos e até ilustrações. É por isso que confia na Absinthe Gallery como um local inteiramente orientado para autores que trabalham nesta técnica. Para quem acompanha o trabalho da autora, sua paixão pela aquarela não é segredo – ela é a organizadora da Trienal Internacional de Aquarela, que aconteceu pela primeira vez em 2016 em Varna. A troca de experiências e os conhecimentos que faz durante a sua participação em exposições internacionais, bienais, workshops e master classes são um catalisador inestimável para novas pesquisas e o aperfeiçoamento de novas técnicas. Tudo isso é um processo contínuo de aprendizagem e formação do próprio estilo, que continua enquanto o próprio ato criativo continuar. Vemos isso também em seus trabalhos – cada vez mais ousados, mais requintados, mais magistrais. Mas ainda carregada da ternura que ela mesma carrega dentro de si.
As obras são realizadas utilizando diferentes técnicas de aplicação de aquarela, o que permite ao autor desenvolver plenamente o potencial da arte em aquarela – como forma de aplicação de tinta e sua interação com folhas e água. A escolha da técnica também é sugerida pelo enredo: algumas das paisagens são executadas “ala prima” ou molhado em molhado, as composições mais detalhadas como os retratos – em folha seca ou uma combinação entre os dois onde os detalhes são adicionalmente aplicado na superfície já seca. O artista domina todas essas habilidades e julga com habilidade qual delas usar e quando, para obter o efeito desejado no espectador. E é o sentimento de ternura e leveza que sempre foi uma mensagem norteadora na obra de Selma Todorova.
*Fotos: Selma Todorova
Boletim SBH, 2017, 6, 45-46